vida boa

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quinta-feira, 9 de junho de 2016

ZIKA * OLIMPÍADAS

A controvérsia entre o grupo de 150 cientistas internacionais que pedem adiamento ou transferência da Olimpíada pela epidemia de Zika e a Organização Mundial da Saúde (OMS), que defende a manutenção dos jogos no Rio de Janeiro, acaba de ganhar novo capítulo.
Após receber um convite oficial da OMS para participar de um comitê emergencial com o objetivo de discutir problemas neurológicos ligados ao vírus Zika, porta-vozes do grupo que reúne pesquisadores de universidades como Harvard, Oxford e Stanford alegam terem sido "desconvidados" pela organização.
A BBC Brasil teve acesso à troca de e-mails entre as duas partes. Após o convite para o evento, feito em nome da diretora-geral da OMS, Margareth Chan, o professor canadense Amir Attaran pergunta se a participação garante status de membro ou consultor do comitê.
"Poder dialogar é interessante", diz Attaram na conversa com a OMS. "Mas se a ideia for simplesmente ouvir, aí fica menos interessante. A carta aberta enviada à organização e cobertura da mídia já fazem isso."
Na carta, o grupo de especialistas pede que a organização "reveja urgentemente" suas recomendações sobre a doença e alega que o governo brasileiro fracassou no combate ao mosquito Aedes aegypti.
A organização então volta atrás. "Dadas as suas preocupações, a OMS está reconsiderando sua intenção inicial e voltará a entrar em contato para informar se você será convidado ou não para o comitê emergencial."
À BBC Brasil, o especialista canadense Attaran, destinatário das mensagens, classificou a recusa como "falta de transparência".
"Meu palpite é que eles estejam verdadeiramente preocupados com a possibilidade de que mudemos a cabeça de pessoas que estarão no comitê", disse. "Mas este não é o tipo de preocupação que uma organização intelectualmente honesta deveria ter."
Procurada pela reportagem, a OMS afirmou que a agenda e os participantes do comitê emergencial "ainda estão sendo definidos".
A organização não respondeu às perguntas relacionadas à troca de e-mails e ao "desconvite" ao pesquisador canadense. Sobre o comitê emergencial, convocado para Genebra, na Suíça, em 14 de julho, a OMS afirmou que "especialistas de vários perfis apresentarão pesquisas e informações relevantes sobre o surto, incluindo o que já foi identificado sobre a microcefalia e outras malformações neonatais e neurológicas como a síndrome de Guillain-Barre".
"O comitê vai rever a situação e determinar se a designação de 'Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional' ainda se aplica, além de quais recomendações deverão ser adicionadas, modificadas ou intensificadas. A Olimpíada é uma parte dos vários temas que serão discutidos", prossegue a OMS.
Riscos
A discordância na comunidade científica ganhou corpo no último dia 27, quando o grupo de especialistas em saúde, direito, bioética e esportes enviou carta aberta à OMS afirmando que a manutenção dos jogos no Rio seria "antiética".
"Um risco desnecessário é colocado quando 500 mil turistas estrangeiros de todos os países acompanham os Jogos, potencialmente adquirem o vírus e voltam para a casa, podendo torna-lo endêmico", dizia o texto.
O principal risco, na avaliação dos pesquisadores, seria que atletas contraíssem a doença e voltassem para suas casas em países pobres que ainda não foram afetados pelo surto da doença.
A reportagem questionou a OMS sobre o tema. "Do ponto de vista de saúde pública, cancelar ou mudar o local da Olimpíada de 2016 não vai alterar significativamente a disseminação internacional do vírus Zika", disseram porta-vozes.
"Para a maioria dos atletas e outros viajantes o risco de infecção é baixo. Apesar disso, podemos esperar que alguns viajantes serão infectados pelo Zika e que novos países reportarão, no futuro, casos 'importados' do Brasil e de outros locais onde o vírus circula.
Equipe de saúde faz trabalho de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti, que transmite doenças como a dengue e o vírus zika, no sambódromo da Sapucaí, no Rio de Janeiro (Foto: Leo Correa/AP)Equipe de saúde faz trabalho de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti, que transmite doenças como a dengue e o vírus zika, no sambódromo da Sapucaí, no Rio de Janeiro (Foto: Leo Correa/AP)
"O risco para mulheres grávidas é significativo, e elas não devem viajar para a Olimpíada ou outras áreas afetadas", continua a Organização.
"A OMS continua a monitorar a transmissão do vírus e seus riscos no Brasil e em outros países, para atualizar as recomendações, se necessário. E vamos continuar a fazê-lo."
A organização diz ainda que suas recomendações são fruto de contribuições de centenas de especialistas independentes e que o Comitê Emergencial é apenas "parte de um amplo leque de atividades conduzidas pela OMS para alcançar conclusões sobre o vírus".
Contraponto
Na última quinta-feira, o novo ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que o posicionamento dos cientistas é um "exagero".
"Há um excesso de zelo. A doença já está presente em 60 países. Não será a Olimpíada que vai propagar a doença", afirmou.
Segundo a OMS, 57 países registraram casos de zika em todo o mundo. Mas em apenas oito - Brasil, Colômbia, Martinica, Panamá, Polinésia Francesa (França), Cabo Verde, Eslovênia e Estados Unidos - foram identificados casos de microcefalia e outras malformações fetais "potencialmente associados" à zika.
O grupo de cientistas internacionais alega que as posições do governo brasileiro e da OMS são "perigosas".
"A linhagem do vírus no Brasil é distinta da maioria destes 60 países", disse à reportagem o professor canadense Amir Attaran.
"Digamos que estivéssemos em 1918 e eu dissesse que estou muito preocupado com a gripe espanhola. Aí uma organização importante de saúde diz que não devo me preocupar porque o vírus da gripe já existe em vários países. Entende a metáfora?".
O professor Attaran afirma ainda que questões de saúde pública precisam ser separadas de interesses econômicos.
"De um lado temos a importância econômica dos jogos para o Brasil e o dinheiro que já foi investido nisso. De outro, temos crianças nascendo com problemas cerebrais. Se eles quiserem priorizar o dinheiro, está bem, mas que sejam completamente abertos e transparentes nisso".
Novos casos
O último boletim divulgado pelo ministério da Saúde, na última terça-feira, indica que o número de casos confirmados de microcefalia no Brasil chegou a 1.151. Pernambuco e Bahia, com 363 e 252 casos, respectivamente, são os Estados que registram o maior número de confirmações.
Desde 22 de outubro, quando dados sobre a doença começaram a ser organizados, 7.830 notificações sobre a síndrome foram realizadas. Destas, 3.262 foram descartadas e outras 3.017 seguem em investigação.
 

zika gera medo

Principal transmissor do vírus da zika é o mosquito Aedes aegypti (Foto: Felipe Dana/AP)

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O Fluminense

São Gonçalo tem mais de mil casos de Zika notificados

Dos casos notificados na cidade 64 são de gestantes


O Aedes aegypti tem sido o vilão dos últimos anos no Rio de Janeiro
Divulgação

Dados da secretaria de Saúde de São Gonçalo apontam que de janeiro a dezembro de 2015, foram notificados 2.420 casos de dengue na cidade. Até o início desta semana, 1.021 pessoas tinham sido notificadas com Zika, destas, 64 são gestantes. Os bairros de São Gonçalo com maior incidência da doença são Itaúna, Trindade, Almerinda e Jardim Catarina.

O combate ao mosquito aedes aegypti, transmissor também de doenças como dengue, e a chikungunya, voltou a ser intensificado em todo município de São Gonçalo. Nesta quinta-feira (7), agentes de endemias da Vigilância Ambiental estiveram no bairro Boaçu, onde realizaram visitas domiciliares com trabalho focado em locais com água parada e trabalho de pulverização com carro fumacê para o bloqueio químico do mosquito aedes aegypti.

Morador do bairro há 55 anos, o aposentado Manuel Nunes Ribeiro, 84, procura focos do mosquito uma vez por semana em seu quintal. Segundo ele, ninguém de sua família teve doenças causadas pela picada do mosquito.

“O cuidado começa em casa. Se você se previne não precisa remediar depois”, explica.

De acordo com o coordenador de vetores, Adauto Galvão, as ações visam o quantitativo de notificações de dengue no bairro e os profissionais eliminam criadouros para interromper o ciclo de vida do mosquito.

O verão é a estação do ano mais propícia para a reprodução do mosquito aedes aegypti. Este aumento se deve ao tempo quente aliado as chuvas de verão, época considerada ideal para o desenvolvimento das larvas e a proliferação do mosquito, que demora cerca de nove dias para se tornar adulto.

O disque-dengue municipal funciona na Ouvidoria da secretaria de Saúde no número 0800 022 6806